Sonsumidores - Os consumidores na ótica das empresas
“A empresa existe em função do cliente”. “Sem o cliente não há empresa”. Frases como estas são ditas e proclamadas milhares de vezes em um único dia no mundo corporativo e acadêmico.
Curiosamente passei por uma situação onde pude ver tais declarações, que são consideradas Magnas em Marketing, na prática.
Em uma bela noite, na avenida ícone do capitalismo em São Paulo (tentem adivinhar qual), fui em busca de um sapato para combinar com meu novo modelo de terno. Passei em frente a uma loja que me chamou a atenção por ser pequena e aparentemente calorosa no atendimento. Ao entrar me deparei com uma vendedora que não pude ver seu rosto, de tantas roupas que esta estava levando para o estoque – acredito eu. O mais incrível em tudo isso é que ela conseguia atender a outro cliente que estava na loja ao mesmo tempo em que carregava as roupas – com certeza o treinamento de vendas pelo qual esta passou foi um dos melhores, pois acho que nem os vendedores de maior sucesso conseguiriam tal façanha.
Após passar por esta odisséia que poderia se tornar um case de vendas – como dizem os experts – tal vendedora veio me atender com um imenso sorriso no rosto. Solicitei um sapato tamanho 40 no modelo que gosto, esta o trouxe, lindo. Ao calçá-lo achei perfeito, maravilhoso, se não fosse um pequeno detalhe, ou melhor dizendo, um grande detalhe, pois o sapato havia ficado um pouco grande. Quando percebi logo solicitei um número abaixo, acreditando eu ser o número 39, mais uma vez a surpresa, a vendedora - meio sem graça – me disse que não tinha. Quando observei melhor percebi que o sapato que eu havia experimentado era 41, isso mesmo 41, por isso não serviu, ou melhor, serviu até demais.
Fiquei sem saber o que fazer. Perguntei a esta vendedora porque havia me trazido um número diferente do que solicitei e esta me disse que era a mesma coisa, sim acreditem se for possível, a mesma coisa.
Ao ouvir isso comecei, como um bom administrador de empresas, a avaliar se por um acaso eu estava errado e tentei descobrir se um tamanho 40 era realmente igual a um 41. Concluí que nem aqui nem na terra do pé grande. Saí da loja sem nem mesmo ouvir um boa noite ou obrigado e fui embora pensando.
Cheguei à conclusão que, ou a vendedora me achou com cara de “sonso”, neste caso o nome técnico seria “sonsumidor”, ou minha professora de matemática na segunda série do ensino fundamental me ensinou errado, o que também poderia ter acontecido levando-se em conta o nível das escolas públicas no Brasil – mas isso não vem ao caso.
O que me pergunto é: Até quando nós, consumidores, seremos tratados como “sonsumidores? Até quando as empresas nos tratarão como “homo sonsus” ao invés de homo sapiens?
E depois dizem que a empresa existe para nós, claro, só se for para deixar claro nossa burrice e nosso espírito de “sonsumidor”
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